NF-e e NFC-e na Nova Reforma Tributária: os campos de IBS/CBS que vão expor se sua empresa está — ou não — preparada
- Patrick Pelucio
- 19 de out.
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de out.
Por Patrick de Pelucio

O relógio está correndo.
Faltam dois meses para o início da reforma tributária, e uma das mudanças mais críticas — e menos comentadas — é a inclusão obrigatória dos novos campos de IBS e CBS nas notas fiscais eletrônicas (NF-e e NFC-e).
A Receita Federal já publicou as Notas Técnicas 2025.002 e 2025.003, que detalham como as empresas devem alterar o leiaute do XML, preencher novos campos e validar os tributos sobre consumo. Em outras palavras: a partir de janeiro de 2026, quem emitir notas sem essa atualização poderá ter documentos rejeitados automaticamente pelo sistema nacional.
E aqui vai o ponto central: se o seu contador ainda não te procurou para falar sobre isso, talvez ele nem saiba o que está prestes a acontecer.
O que muda na prática
A reforma cria dois novos tributos — IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — que substituirão ICMS, ISS, PIS e Cofins.Para que o novo sistema funcione, as notas fiscais precisarão conter informações adicionais, entre elas:
Campos específicos para IBS e CBS (como vIBS, vCBS, cClassTrib, pIBS, pCBS);
Identificação do tipo de operação, para cálculo automático do imposto e créditos;
Novo grupo de tributação no XML, que servirá de base para o recolhimento via split payment — quando o imposto é recolhido no ato da transação;
Validações automáticas — o sistema da SEFAZ rejeitará notas com inconsistências ou ausência dos campos obrigatórios.
Em resumo: não é uma mudança estética. É uma mudança estrutural no formato e na validação de cada NF-e emitida no país.
O risco invisível — e o erro que muitos gestores vão cometer
Empresas que terceirizam a contabilidade tendem a acreditar que “o contador vai cuidar disso”.Mas a verdade é que essa mudança extrapola o domínio da contabilidade tradicional.
Ela impacta processos operacionais, TI, faturamento, ERP e fluxo de caixa.E se sua contabilidade não estiver alinhada à operação — ou se for daquelas que só reage quando o problema já aconteceu — o risco é altíssimo:
Notas fiscais rejeitadas e vendas bloqueadas no sistema;
Inconsistência de créditos fiscais (IBS/CBS não reconhecidos pelo fisco);
Multas por descumprimento de leiaute e erros de parametrização;
Retrabalho massivo e aumento do custo operacional.
Agora, pense:
Seu contador já pediu acesso ao seu ERP para testar os novos campos?
Você já recebeu um relatório sobre o impacto do IBS/CBS nas operações de venda, devolução ou bonificação?
O sistema da sua empresa já está validando as novas regras no ambiente de homologação?
Se a resposta for “não”, a sua empresa está a um passo de ter problemas sérios de compliance e faturamento em 2026.
O papel estratégico do executivo (e não apenas do contador)
A implementação do IBS/CBS não é uma pauta contábil — é uma pauta de gestão e governança corporativa.Como CFO, COO ou CEO, você precisa garantir que sua empresa esteja tecnologicamente e processualmente pronta para emitir e validar notas dentro do novo padrão.
As perguntas que você deve fazer agora:
Minha contabilidade já fez testes de NF-e/NFC-e no ambiente de homologação?
Meu ERP já possui versão compatível com os novos campos de IBS/CBS?
Temos um plano de transição interno, com prazos, responsáveis e indicadores?
Já foi feita a limpeza e revisão de cadastros (NCM, CFOP, CST, clientes e fornecedores)?
As áreas Comercial, Fiscal e TI estão se comunicando sobre isso — ou cada uma está no seu silo?
Essas respostas valem mais do que qualquer parecer técnico.Elas mostram o nível de maturidade tributária da sua empresa — e se você tem um contador que age estrategicamente ou apenas executa obrigações.
Os próximos 90 dias: o que precisa estar no radar
O cronograma da Receita Federal já está definido:
Outubro a dezembro de 2025: ambiente de homologação liberado para testes com IBS/CBS;
Janeiro de 2026: início da obrigatoriedade em produção para empresas do regime normal;
2027: adesão gradual do Simples Nacional.
Isso significa que o tempo acabou para quem ainda está “esperando instruções”.
Agora é hora de agir:
Checklist de ação executiva:
Solicite à sua contabilidade um relatório técnico de adequação fiscal com status dos testes e pendências;
Determine que o ERP seja atualizado para suportar IBS/CBS (verifique versões com seu fornecedor);
Programe um teste real de emissão de NF-e com os novos campos;
Exija um cronograma de transição 2025–2026 com responsáveis e entregáveis;
Peça uma simulação de impacto operacional e financeiro no fluxo de caixa (split payment).
Conclusão: a NF-e será o termômetro da sua governança tributária
A reforma tributária não vai “chegar” — ela já começou.E a NF-e é o campo de batalha onde sua empresa vai provar se está preparada ou não.
Em 2026, as notas fiscais passarão a ser validadas com regras completamente novas.Empresas que se anteciparem estarão prontas, seguras e competitivas. As que deixarem na mão de contabilidades desatualizadas vão descobrir — da pior forma — o que significa ter notas rejeitadas, créditos glosados e faturamento travado.
Então, pergunte-se:
“Meu contador já me chamou pra conversar sobre os novos campos de IBS e CBS?”
Se não chamou, a hora de agir é agora. Afinal, em 2026, o sistema não vai aceitar desculpas — só notas válidas.




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